terça-feira, 21 de julho de 2009

Arquitetura E/OU Urbanismo?

É muito interessante como uma Copa do Mundo deixa os nervos dos brasileiros à flor da pele e principalmente uma Copa em nosso país. Todos motivados, esperançosos e com um sentimento de que “agora vai”. Muitas enquetes, votações, todos querendo os jogos em suas cidades e eis que estas foram escolhidas, 12 no total.

Antes mesmo destas escolhas, as modernas arenas e estádios para a Copa por vir já estavam sendo expostos em sites, blogs e as pessoas comentavam e escolhiam os seus preferidos. Mas com isso vem uma grande preocupação: como e porque estes projetos já estavam apresentados e escolhidos antes mesmo da votação das cidades-sede? E também, por que foram estes os escolhidos, sem licitações, concursos?

No dia 20 de julho de 2009 foi postado no site PINIweb [1] uma "Carta aberta aos organizadores da Copa 2014" solicitando clareza e esclarecimentos quanto aos procedimentos de seleção e contratação dos projetos para os estádios da Copa. Acho louvável, e deveríamos, todos nós, assinar embaixo esta iniciativa. Por que um evento que tem abrangência nacional e afetará a todos nós privilegia somente alguns poucos profissionais da área? Acho que cabe esta pergunta. Porém, os profissionais de arquitetura E urbanismo se direcionam bastante pro lado da “arquitetura”, como se houvesse uma dissociação desta com o “urbanismo” e as questões relativas à Copa só são direcionadas aos projetos arquitetônicos das arenas e estádios.

Muitos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo que estão agora se formando utilizaram o tema Copa do Mundo como base para os seus trabalhos finais de graduação. É um tema em evidência e bastante interessante de se abordar. Muitos deles querem projetar mega arenas esportivas, modernas e plasticamente inovadoras. Porém, estes estudantes que ainda estão em processo final de graduação se esquecem que, para se instalar um grande equipamento urbano, seja este qual for, estudos com relação aos diversos impactos gerados pelo mesmo devem ser levados em consideração, antes mesmo de sua concepção.

O projeto de um estádio, comparado com as complicações de sua implantação, podem ser considerados menos desafiadores. As cidades brasileiras não estão preparadas para receber um evento como este. E, infelizmente, muitos alunos, futuros arquitetos urbanistas, negligenciam este fato, também negligenciado por seus orientadores e, a meu ver, apresentam um trabalho falho de final de curso. Imagine então que este fato agora é real e está em processo em 12 de nossas cidades.

Todos nós sabemos da dificuldade de se assistir a um jogo de futebol quando vamos ao estádio. Acessibilidade, falta de transporte público ou a má qualidade dos mesmos, o impacto no trânsito que isto causa, não somente no entorno do mesmo, mas durante todo o trajeto de sua casa até o local. São diversas as preocupações urbanísticas que são desconsideradas ou deixadas de lado nas discussões que estão sendo feitas em relação à Copa de 2014 que me pergunto se conseguiremos atender a todas as reivindicações da FIFA e não somente isso, mas sim, se estamos melhorando QUALITATIVAMENTE todo o meio urbano, a partir destas premissas tão discutidas e exposta pelos próprio “Time de Arquitetos da Copa” [2] que "recomendam todo o empenho da sociedade e governantes para que os investimentos na Copa de 2014 sejam sustentáveis e tragam benefícios permanentes às cidades brasileiras".

Porém cabe uma outra e importante questão: vamos nós também, arquitetos E urbanistas, fiscalizar e estar atentos ao trabalho do Poder Público para atender, não somente as exigências da FIFA, mas sim da sociedade brasileira, que carece de tanto, as tão sonhadas melhorias, REAIS melhorias, na qualidade de vida em nossas cidades.

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