sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Prefeitura de BH proíbe eventos na Praça da Estação

A Praça da Estação foi reformada há uns anos atrás justamente para poder receber eventos e manifestações.

Isso é mais uma prova de que o Poder Público preocupa-se mais com o bem estar dos veículos do que com a apropriação dos lugares públicos pelas pessoas e de que o brasileiro é espírito de porco quando continua a depredar o patrimônio público. Mas cabe ao Poder Público coibir e punir tais ações, e não lavar as mãos proibindo a apropriação da Praça. Mas o Brasil é mestre em impunidade e por isso vemos essas ações obtusas.

Com a reforma, a Praça se tornou um ambiente ainda mais árido, nada convidativo para permanência, inóspito, portanto. A possibilidade de fazer eventos afins esporadicamente era uma maneira de proporcionar lazer para a população.

A julgar pela reportagem, nada será feito para a apropriação adequada do imenso espaço desprovido de vegetação, sombra e lugar para sentar adequadamente. E a justificativa da proibição é para facilitar o trânsito de veículos; as obras viárias estão a todo vapor; nada de metrô e de melhorias no transporte público.
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Um decreto assinado pelo prefeito Marcio Lacerda, e publicado nesta quinta-feira (10) no Diário Oficial do Município (DOM), proibindo eventos de qualquer natureza na Praça Rui Barbosa, a Praça da Estação, a partir de 1º de janeiro do próximo ano, pegou de surpresa moradores da região, promotores de eventos e frequentadores do local.

Reformado há poucos anos, o espaço abriga o Museu de Artes e Ofícios e vinha sendo usado para shows, eventos de várias religiões e manifestações culturais diversas. A alegação da prefeitura é de que o patrimônio público estava sendo depredado e causando transtornos ao trânsito.

Marcio Lacerda, que participava da inauguração de mais uma etapa do projeto Vila Viva, no Aglomerado da Serra, disse que tomou a medida depois de ouvir sua assessoria e pelo apelo de moradores do entorno da praça, que se sentiam prejudicados por causa do barulho. Segundo ele, a decisão pode não ser definitiva. “Precisávamos dar um empo para encontrar uma solução ou outro local para esses eventos”, afirmou.

Segundo o prefeito, chegou até seu conhecimento o que ocorria quando da realização dos eventos, principalmente os que reunia milhares de pessoas. “Discutimos o caso, porque tivemos muitos problemas e dificuldades, além da questão do museu, que também funciona lá”, acrescentou.

A presidente do Museu de Artes e Ofícios, que funciona na praça desde 2005, Ângela Gutierrez, comemorou a decisão. “Não acredito numa coisa dessas, os eventos estavam acabando com o local, que foi recuperado há pouco tempo”, disse. Para ela, a decisão veio num bom momento, preservando um espaço para que a população, principalmente moradores próximos ao local, possam usufruir das belezas da praça.

“A praça pertence à população, mas deve ser usada com civilidade, com respeito e de maneira saudável. Muitas pessoas que moram no Centro têm poucos locais disponíveis para passar alguns momentos de tranquilidade”.

Ela acrescentou que ficava preocupada com o perigo de depredação das estátuas que decoram o local e que são de responsabilidade de seu museu. Muitos moradores vizinhos se disseram aliviados com o fim dos eventos.

“Não dava para ficar dentro de casa. O barulho é infernal, com muita gritaria e quem mora aqui não tinha sossego”, afirmou a professora aposentada Antonina Gonçalves, 56 anos, moradora do Edifício Barcelona, na Avenida Francisco Sales.

Já o técnico em segurança do trabalho André Messa, 27 anos, que mora no Condomínio Gastão Faria, ao lado do viaduto da Floresta, lamentou o fim dos eventos, principalmente os shows. “Quem perde é a cidade, que tem poucos locais para eventos. Aqui pra gente, não incomodava nada, às vezes até ia lá para participar”, contou.

O proprietário da Divina Comédia Produções, produtora de São Paulo, que realizou vários shows no local, como o de Fernanda Takai e Jota Quest, em maio, que reuniu cerca de 30 mil pessoas, lamentou. “Não tivemos qualquer problema. Lamento que a cidade fique órfã de um local para grandes eventos”.


Publicado originalmente na Crise [!]

Um comentário:

Marco Antonio Souza Borges Netto - Marcão disse...

Recebi esse email. Acho pertinente a colocação. Realmente tem eventos e eventos.

"Olha, tudo bem que o negócio não é vetar todos os tipos de eventos na praça - porém o que estava acontecendo por lá era uma destruição consentida. o espaço não comporta mega eventos. não tem como sustentar uma montanha de gente pisoteando tudo, em discutíveis eventos "culturais",todo fim de semana. e o cidadão avulso, que quer desfrutar da praça, fazer um piquenique, como fica? não ficava - não havia mais espaço - tudo era agendado, mediante solicitação e licenciamento, pra evento disso, evento daquilo - grande parte dessas mega coisas poderia ser feita em outros locais. inclusive eventos de interesse privado, que envolvem muito lucro, patrocínios gordos. sim, é preciso estabelecer que tipo de evento é possível e transferir os mega para espaços compatíveis. se eles não existem, que sejam inventados, que sejam desapropriados locais para isso, que sejam feitos conc ursos públicos novamente para repensar a cidade. pois ela mudou e se quisermos preservar o que já foi conquistado à duras penas (briguei pela praça da estação desde os anos oitenta), temos que encarar isso."